quarta-feira, 25 de março de 2009


É provavelmente o mais enigmático topónimo deste concelho. Quem foi afinal esse tal de ? Seria mesmo alguém? Segundo alguns autores, é o nome de uma flor que surge com abundância nesta região e que o povo colhe com cuidado por lhe reconhecer grandes capacidades curativas nos maus olhados. È como que uma erva sagrada que as pessoas insistem em colocar no peito. No entanto, parece ser mais crível a teoria cientifica segundo a qual - e Joseph Piel segue-a sem restrições - seria o genitivo do nome pessoal germânico Thou ou Teudo, rei visigótico do século VIII.

encontra-se a doze quilómetros da sua sede de concelho que é a vila de Mogadouro. O seu povoamento é bastante antigo e pode ser confirmado pela toponímia e pela arqueologia. As estações castrejas de Bemposta, muito perto de , fazem crer que aqui terá existido vida humana muito antes da chegada dos romanos. E depois há aqueles nomes que têm nítidas alusões a factos ou monumentos pré-históricos.

Nos primeiros tempos pós-fundação da Nacionalidade, parece ter constituído um vilar velho, ou seja, um simples terreno, ou núcleo de terras, pertencente ao termo de Aliste, primeiro e depois ao de Miranda. Em termos paroquiais a respectiva erecção só deve ter ocorrido por volta do século XVI. Antes, seria apenas uma parte da paróquia de S. Pedro da Bemposta, á qual estava também ligada em termos administrativos. Foi o seu cura apresentado inicialmente pelos marqueses de Távora e depois pelo padroado real, que lhe dava de rendimento uns oito mil réis anuais, a côngrua e o pé-de-altar.

Em meados do século XVII, ficou de forma indelével na história de Portugal. Em 15 de Abril de 1641, numa conjuntura de grande dificuldade do País, o pároco de prontificou-se a auxiliar as finanças portuguesas e a causa nacional com uma doação pouco vista nessa época. A generosidade de , mesmo dos seus mais humildes moradores, é hoje um verdadeiro marco para a freguesia: "Darei para as necessidades de Sua Majestade el-rei Dom João, nosso senhor, que Deus guarde e conserve por largos anos, de presente mil réis, porém para diante de oito mil réis que me rende a minha capela darei a metade e tudo o que tenho. Too, e Abril e quinze de 641. Francisco Gonçalves" .

Do património edificado de , destaca-se naturalmente a igreja matriz no centro da freguesia. Muito ampla, apresenta alguns motivos de grande interesse arquitectónico. È uma das melhores matrizes deste concelho e uma daquelas que se encontra melhor conservada. Começou a ser construída ainda no século XVI, mas em 1621sofreu obras de ampliação. Mesmo assim, todo o edifício apresenta linhas muito elegantes, harmoniosas e bem proporcionadas.

O processo da sua construção é descrito por António Rodrigues Mourinho (Júnior) em "Arquitectura Religiosa da Diocese de Miranda do Douro-Bragança": "A maneira como se construiu a igreja de deduz-se dos documentos que possuímos que, embora poucos,são suficientes para nos elucidar sobre a obra que, vendo bem, não se processou de maneira diferente das outras igrejas.

O corpo da igreja primitiva foi construído à custa dos fregueses, não sabemos em que data, mas ela não parece anterior á primeira metade do século XVI e a avaliar pela forma da torre fachada e pelos portais laterais e principais.

É provável que a população de aumentasse, ou que o corpo da igreja se arruinasse durante todo o século XVI. O que é certo é que no primeiro quartel do século XVII, pelos anos 1608 a 1621, a igreja sofreu de um acrescento, como realmente se nota ainda hoje dos lados da torre fachada".

A torre sineira é constituída por dois andares. No primeiro deles, encontra-se a porta principal, em forma de arco de meio ponto, enquanto que, lá mais acima, o campanário termina em ângulo.

No interior do templo, destaca-se a capela-mor. Rectangular, bastante ampla, é toda em alvenaria, Muito iluminada por duas janelas bem rasgadas, á boa maneira gótica, apresenta o tecto em forma de abóbada, no centro da qual se pode ver uma bela pintura alusiva ao Santíssimo Sacramento. Quanto á nave, é dividida em quatro tramos por três arcos de diafragma. É nave única que se separa da capela-mor através de um arco triunfal em forma de meio ponto. O púlpito, a seguir ao retábulo se Santa Barbara, é saliente.

Em meados do século, a "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira" pintava em traços largos um retrato económico e social da freguesia nessa altura "É uma freguesia quase exclusivamente agrícola, havendo, alem da cerâmica, uma modesta industria de tecelagem de linho e lã, em regime de artesanato. A 6 de Janeiro realiza-se nesta freguesia a festa do Menino, pitoresca cerimónia, cheia de carácter folclórico, em que o festeiro - um rapaz - serve durante quatro anos, no primeiro com o titulo de moço, no seguindo com o nome de sécia, no terceiro com o de mordomo e no quarto com o de farandulo. É uma festa da mocidade, tipicamente local".